Os sete erros de Doria que lhe colocou no seu devido lugar
Alberto Bombig colunista do UOL
Em conversa com ex-assessores de João Doria no governo de São Paulo e com aliados dele dentro do PSDB para entender as razões que levaram ao isolamento político dele. Abaixo, um compilado dos sete principais erros (sempre na visão desses interlocutores de Doria) cometidos pelo tucano, que desistiu do sonho de concorrer à Presidência pelo PSDB.
1) A ESCOLHA DE BRUNO ARAÚJO COMO PRESIDENTE DO PSDB
Doria escolheu para comandar o PSDB um tucano que em nenhum momento foi avalista de sua pré-candidatura. Além disso, apesar de ser um dirigente importante no partido, Araújo é de Pernambuco, estado onde o PSDB possui pouca representatividade.
2) A MONTAGEM DO GOVERNO PAULISTA
Doria tentou nacionalizar, ainda em 2018, a montagem de seu secretariado, nomeando ex-ministros do governo Michel Temer na Presidência e convidando quadros de outros estados. Nenhum deles, porém, conseguiu alargar o trânsito de Doria para além dos limites de São Paulo.
3) A POSIÇÃO NO ESPECTRO POLÍTICO
Doria quis ser o anti-Bolsonaro, porém, em um partido de centro-direita, ou seja, um erro estratégico. Não custa lembrar que parte da bancada federal do PSDB na Câmara tem votado, sistematicamente, como governo. O ideal, dizem aliados, teria sido ele mirar no pós-Bolsonaro e diminuir a artilharia quase semanal que disparava na direção do presidente.
4) O USO DE DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS
No início de seu governo em São Paulo, Doria afastou do governo Gilberto Kassab e Aloysio Nunes Ferreira, ambos sob investigação. Entretanto, não usou a mesma régua ao manter, por exemplo, Alexandre Baldy no governo, mesmo após ele ter sido preso. Mágoas e ressentimento surgiram nesse processo.
5) O DESCUIDO COM LIDERANÇAS HISTÓRICAS DO PSDB EM SP
Doria não prestigiou como deveria as principais lideranças do partido em São Paulo: Geraldo Alckmin, José Serra, Alberto Goldman e FHC. O primeiro, aliás, saiu do partido. Em contraponto, basta lembrar o gesto de Serra que trouxe Geraldo para o governo do estado e depois o fez candidato à sucessão em 2010.
6) O FOCO EXCESSIVO NO MARKETING:
Doria realizou mais de uma centena de coletivas de imprensa e milhares de postagens em redes sociais. Em dado momento cogitou, inclusive, mudar o nome do PSDB, suas cores e símbolos. Mesmo com a vitória obtida com a primeira vacina contra a covid aplicada no Brasil, o governador exagerou na exposição de sua marca.
7) A MENTALIDADE EMPRESARIAL
Uma vez no governo, Doria se comportou como o presidente de uma empresa e até colheu bons resultados: trouxe a vacina para o Brasil e teve marcas positivas: São Paulo cresceu cinco vezes mais do que o Brasil no período em que ele foi governador. Mas, justamente por não entender que a política não é uma empresa, acabou rifado pelos políticos.