A dicotomia do trabalho

Grande parte das pessoas não está feliz ou realizada com seu emprego e o papel que ele representa em suas vidas. Embora o envolvimento delas com seus trabalhos tenha aumentado nas últimas décadas (de acordo com pesquisa do Gallup), quase dois terços dos trabalhadores ainda relatam estar desengajados. Então, por que se trabalha? Por que se gasta em média 44 horas por semana trabalhando?

A maioria das pessoas trabalha por dinheiro. O suficiente para que possam se sustentar. Algumas pessoas trabalham porque amam o que fazem. Essas têm a sorte de encontrar uma vocação que se alinha com o que são apaixonados na vida. Mais importante ainda, as pessoas trabalham porque o valor do trabalho está enraizado em suas culturas com as crenças, valores e suposições (muitas vezes inconscientes) que orientam seus comportamentos ou por pressões sociais.

Contudo, também é importante saber que as pessoas trabalham porque talvez não saibam como ocupar parte do seu tempo e apenas ser elas mesmas. Blaise Pascal, o matemático e filósofo religioso francês do século XVII, disse: “todas as misérias dos homens derivam de não serem capazes de se sentarem sozinhos em uma sala silenciosa”.

Para atenuar suas angústias e entender suas razões de existir, as pessoas podem buscar autoconhecimento. “Treine sua mente para silenciar e observar”, ensina o sábio oriental. Mais do que qualquer outra forma, a meditação é um caminho para o autoconhecimento e, portanto, esclarecedor de muitas dúvidas existenciais. A meditação pode ser um auxílio para as pessoas viverem melhor consigo mesmas e com seus trabalhos!

Dr. Haino Burmester, Coordenador do Projeto Ser Integral da Escola de Educação Permanente (EEP) do HC de São Paulo